"Aquele
rumor de pássaros que eu ouvia quando me abraçavas era a música do
vento que trazias nas mãos. Eu e tu, feito um nó ligeiro que não
desatava nunca. Lembro-me bem dos laços que criávamos, para enfeitar os
nossos dias, e das flores que colhíamos um para o outro só com o olhar
(para não maltratar as roseiras). Ah, meu bem, aquele farfalhar de
folhas sob os nossos pés não tem mais o mesmo barulho; nem a lua veste
mais as mesma cores para abrir a noite. Tudo ficou diferente depois da
tua partida. Só eu continuo sentindo os mesmos sismos que me suspendiam
do chão à tua chegada, mas sem ter quem me acalme o desassossego da alma
e ponha fim ao crepitar dos círios que velam em mim a ausência dos teus
abraços."
Aíla Sampaio
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